O SUICÍDIO NO 10°ANDAR

| sexta-feira, 6 de janeiro de 2017 | 0 Comments |

Eu moro em um prédio de 10 andares e como qualquer outro dia eu fui trabalhar. E no fim do meu turno, fui comunicado pelo meu chefe que a empresa estava em crise e cortando gastos, e por isso eu estava sendo demitido.

Uma semana depois, usei todo o dinheiro que havia recebido por ser demitido e quitei a divida referente ao meu apartamento.

Depois disso nada mais deu certo na minha vida! Eu não conseguia arrumar emprego, e começaram as muitas e muitas brigas com a minha esposa.

Estava faltando tudo dentro de minha casa, desde fraldas até alimentos para meu filho. A minha mulher foi se desesperando e eu tomei uma decisão ruim: Eu iria começar a roubar!

Esperei o cair da noite, peguei uma faca e sai. Em uma rua deserta eu avistei uma mulher de meia idade ao longe, andando em minha direção e vi nela minha primeira vitima. Chegando mais perto respirei fundo, saquei a faca e fui ao encontro com a mulher:

- Anda mulher! Me da logo essa bolsa vai passando ou eu te mato aqui mesmo. vai logo solta essa bolsa!

A mulher me deu a bolsa e ficou paralisada. Antes de sair dali eu olhei nos olhos dela e vi o medo, o pavor e o pânico nos olhos dela.

Naquele momento comecei a chorar e devolvi a bolsa a ela e contei o que estava comigo.

Me desculpei novamente e virei as costas.

Nesse momento ela me chamou e ainda trêmula me deu uma nota de 20 reais. Eu saí dali chorando mais ainda.

E fui andando extremamente abalado e joguei a faca num bueiro ali perto. No dia seguinte, acordei decidido a acabar com aquilo tudo, escrevi um bilhete com os seguintes dizeres:

“Me Desculpa, mas foi tudo que consegui. Cuide bem do nosso filho." Coloquei o bilhete em cima da cama junto com o dinheiro que aquela mulher havia me dado e fui até o telhado do prédio. Então sentei na beirada preparado para pular.

Momentos depois ouvi passos atrás de mim, me virei e havia um homem alto, bem arrumado de cabelos curtos, olhos castanhos e de pele clara.

Ele sentou-se ao meu lado e começamos a conversar. Depois de um tempo ele disse:

- Pense como vai ficar seu filho e sua esposa... Se você pular, quem vai cuidar deles? então o estranho se levantou e disse: tenho que ir embora...mas antes ele me entregou um pedaço de papel com um endereço e disse que se eu quisesse conversar mais que poderia ir até a residência dele.

Depois de pensar muito no que havia acabado de ouvir, eu desci do telhado, tomei um banho e encontrei minha esposa acordada.

Não disse nada a ela, mas eu dei um beijo nela, um abraço e fui em busca de um emprego. Apesar deu ser pessimista, para minha sorte, encontrei um senhor disposto a me dar uma chance.

Ele disse estar abrindo um negócio e precisava de alguém para ser ajudante. Eu aceitei na hora.

15 dias depois, fui ao velho homem que havia me estendido as mãos, e pedi um adiantamento para comprar fraldas e alimentos.

Para meu espanto e surpresa ele me deu um pouco a mais do que havia pedido e disse que descontaria aos poucos do meu pagamento.

Algum tempo depois meu chefe, que vivia elogiando meu trabalho no estoque da loja, me promoveu e passei a gerenciar uma filial em um município vizinho.

E logo tudo estava indo bem na minha vida.

Em um feriado, eu estava pensando na conversa com Alessandro, peguei aquele pequeno papel e contei a minha esposa toda a história sobre o estranho que impediu o meu suicídio.

Disse a ela também que estava indo visitá-lo. E chegando ao endereço indicado no papel, fui até o portão e comecei a chamar por Alessandro.

Para minha surpresa, quem veio me atender foi meu chefe.

Notei que ele estava desconfiado! Fui logo cumprimentá-lo e voltei a perguntar por Alessandro. Pela primeira vez, desde de que o conheci, ele me respondeu com muita rapidez:

- Alessandro? De onde você o conhece meu filho? Quem te deu meu endereço?

Eu mostrei o papel e contei toda a história do meu encontro com Alessandro e como ele me impediu de pular do 10º andar do prédio.

Meu chefe ao ver o papel e reconhecer a letra do filho dele, me disse em lágrimas:

- O Alessandro morreu há 7 anos atrás, quando pulou exatamente do 10º andar de um prédio.