COMO ERA REALIZADO O RITUAL HARAKIRI (SEPPUKU)

| sábado, 13 de maio de 2017 | |

Harakiri é um dos mais intrigantes e fascinantes aspectos do código de honra do samurai: consiste na obrigação ou dever do samurai de se suicidar em determinadas situações, ou quando julga ter perdido a sua honra.

Harakiri significa literalmente ''Corte-Estomacal''. Esse suicídio ritual também é chamado de Seppuku, que é uma forma mais elegante de se dizer a mesma coisa.

Também existe várias circunstâncias que podiam levar o samurai a praticar o harakiri. Entre elas:

- Como castigo e forma de recuperar a sua honra pessoal, uma vez que esta foi perdida em alguma atitude indigna do nome de sua familia e de seu ancestrais:

- Os samurais tentavam evitar ser prisioneiro em campos de batalha, pois era considerado imensa desonra entre os samurais se render ao inimigo, assim, eles preferiam renunciar a vida do que se entregar a mãos inimigas.

Além disso, a rendição também não era uma boa escolha, pois os presos eram quase sempre torturados e maltratados.

- Em um ato de pura lealdade, o samurai chega a se matar para chamar a atenção de seu senhor (daimiô) a algo de errado que ele venha fazendo, e advertendo-o.

Daimiô ou daimyo é um termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras no Japão pré-moderno, que governava a maior parte do país a partir de suas imensas propriedades de terra hereditárias. No termo, "dai" (大) literalmente significa "grande" e "myō" vem de myōden (名田), que significa ."terra particular".
Foram os mais poderosos senhores de terras do período que foi do século X a meados do século XIX na história do Japão, depois dos xogum.
Desde os shugo do período Muromachi, passando pelos sengoku, até os daimiôs do período Edo, o cargo teve uma história longa e variada.
O termo "daimiô" por vezes é usado para se referir às principais figuras dos clãs japoneses, também chamados de "Senhores". Costumeiramente, era a partir destes senhores de guerra que um Xogum ou um Shikken (regente) era escolhido
Alguns samurais também se suicidavam ao ver o declínio dos seus senhores, ou mesmo quando estes morriam, e como forma de acompanhá-los eternamente e seguir o dever de que um samurai não serve a mais de um daimiô em sua vida.

O ritual do harakiri era praticado da seguinte forma:

O suicida banhava-se, de forma a purificar o seu corpo e a sua alma e dirigia-se ao local de execução, onde se sentava á maneira oriental. 

Pegava então sua espada curta chamada de Wakizashi, ou então um punhal afiado e enfiava a arma no lado esquerdo do abdômen, cortando a região central do corpo e terminava por puxar a lâmina para cima.

Era importante o corte ser no abdômen, pois era considerado o centro do corpo, das emoções e do espirito para o povo japonês. Assim, o samurai estaria literalmente cortando a sua ''alma''.

Era importante também para o samurai escrever um poema de morte, que era uma pequena composição poética onde o guerreiro deixava registrado as suas últimas impressões do mundo, algum desejo oculto ou simplesmente uma despedida formal.

A morte por evisceração era lenta e dolorosa, e podia levar horas. E apesar disso, o samurai devia mostrar absoluto controle de si mesmo, não podendo dar sinais de dor ou medo.

E ao lado do suicida ficava um amigo ou parente, o Kaishakunin, que portava uma espada. Era uma espécie de assistente do ritual; e se acaso o samurai demonstrava não estar mais suportando a dor, o Kaishikunin dava-lhe o golpe de misericórdia, decepando a cabeça do suicida.

kaishakunin é o encarregado auxiliar no ritual suicida japonês seppuku, cuja função é a decapitação da vítima. Um exímio espadachim capaz de executar com precisão o corte de decapitação fazendo uso de uma katana. Com a finalidade de evitar a angústia prolongada durante o ritual, tanto por parte da vítima como dos espectadores, o kaishakunin exercia o ato de misericórdia sobre o suicida, a decapitação. Casos frequentes em que um assistente do seppuku se fez útil foi aquando um senhor da guerra, após ter sido derrotado na batalha decide cometer seppuku, e um assistente é nomeado para por fim ao digno ritual concedido à vítima, por forma a receber uma honra digna de um samurai.

Mas seria considerada imensa falta de respeito se a cabeça do samurai suicida rolasse diante de seus parentes, que geralmente também assistiam a execução.

Por causa disso o Kaishakunin devia acertar o pescoço do samurai de modo que deixasse pendurada em um pedaço de pele, para que esta não fosse degolada. 

Assim o Kaishakunin devia ser um exímo espadachim, pois não poderia falhar em sua atuação. E que era uma função considerada honrosa.

E logo se tornou costume entre as familias de samurais ensinar o filho homem, na véspera de ingressar na vida adulta, o modo exato de se praticar o Harakiri.

Mas nem sempre o ritual era seguido a risca com todos os seus detalhes. Em alguns casos extremos como em campos de batalha, onde não havia tempo para tais preparos, o samurai abandonava a vida apenas enfiando a espada em sua barriga.

E o primeiro harakiri registrado na história foi em 1170, quando Minamoto Tametomo, figura quase lendária do clã Minamoto, suicida-se após perder uma batalha contra o famoso clã Taira.

O suicídio ritual tinha grande significado para o povo japonês. Vencendo o medo da morte, o samurai vencia também esse grande enigma da humanidade e destacava-se então das outras classes existentes na época.

E esse mesmo espírito dos samurais que levaram os pilotos suicidas de (Kamikases) a explodirem junto aos seus aviões durante a segunda guerra mundial.

E infelizmente, até hoje o suicídio é visto por alguns japoneses como a melhor forma de recuperar a sua honra perdida. 


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